domingo, 15 de março de 2015

a coragem de ser quem sou

Quando começo a compreender alguma coisa dentro de mim, surge essa necessidade de deixar registrado aqui, pois imagino que possa ajudar outras pessoas a se entenderem como muitos textos me ajudaram a chegar até aqui.
Essa semana, duas coisa me marcaram. 
Uma percebi logo o motivo. Este texto aqui fala justamente da mudança interna que algumas mulheres vivem depois da maternidade. 
Selecionei um trecho que me identifiquei:
"Dá uma vontade imensa de se redescobrir e reinventar. A maioria muda o cabelo. Mas há aquelas que mergulham em águas mais profundas e descobrem uma força e uma capacidade sem limites que nem imaginavam possuir. Essas mulheres esvaziam gavetas, jogam fora caixas e viram suas vidas de ponta cabeça, buscando um sentido maior, um amor que seja tão grande, um trabalho tão cheio de significado e realização. A maternidade traz coragem."
Outra coisa foi esta foto abaixo, que eu já havia visto em outras ocasiões, achei engraçado e dessa vez ficou aparecendo na minha timeline do facebook e eu não entendi muito bem. Mas hoje a noite ela me fez sentido.

Fazendo um retrospecto, observei que nos únicos dois momentos dos meus 30 anos que deixei de ouvir meu coração, coisas bem dolorosas me aconteceram. Uma delas foi quando aceitei que o Dudu nascesse num hospital, ignorando completamente meus instintos, e o resultado já escrevi aqui no blog. 
A outra, foi quando aceitei deixar o Dudu em uma creche, novamente, indo contra os meus instintos, e o resultado também foi muito doloroso, conforme contei aqui

Então, chega um determinado momento, que plim plim, as fichas caem, você percebe que a vida é muito curta e frágil, como cantou Nando Reis.
"Que a vida é mesmo
Coisa muito frágil
Uma bobagem
Uma irrelevância
Diante da eternidade
Do amor de quem se ama" - Por onde andei - Nando Reis

E que já chega de ignorar seu coração.
Só que como tudo na vida, ouvir seu coração tem consequências. A primeira delas é você ser incompreendido (pelos outros), e consequentemente, julgado. Tribunal de causas realmente pequenas, como cantou Pato Fu.
"Você pensa que faz o que quer
Não faz
E que quer fazer o que faz
Não quer..."
 Tá sonoro o post né? :)

E é aqui que entra a dona coruja com a coragem junto com a dona maternidade. Coragem de mudar, de encarar as consequências, mesmo sabendo que se olhar por um outro lado, também vai haver dor, e que provavelmente há uma dor que vai durar para sempre. Assim pude entender um pouco do que a Elizabeth Gilbert contou no seu livro.
Mas o processo não foi assim: acordei com coragem, vou mudar minha vida.
Só hoje, alguns meses depois é que enxergo a coragem, ou seria o tal empoderamento? Até agora me senti e sinto guiada pelo meu coração e por uma força maior. Pois não há uma explicação lógica, muitas pessoas não compreendem. E como já falei num outro post, é mesmo difícil que as pessoas nos compreendam.
Isso me lembrou uma foto que vi também pela minha timeline do facebook, daqui.


Acho que esse deve ser um curso extremamente interessante e fiquei muito curiosa para entender a proposta e o processo. Pois considero muito difícil se colocar no lugar do outro em alguns casos. Coisas que não significam nada para mim podem ser de suprema importância para o outro e nem sempre é fácil perceber isso.

Mas voltando a coragem e maternidade. Toda a mudança que fiz na minha vida recentemente foi para seguir um instinto materno. Foi para encontrar um trabalho que me permite a liberdade de cuidar do meu filho quando ele está doente. Que me permite acompanhar de perto seu crescimento, sua educação, sem delegar isso para outras pessoas ou instituições que não a família.
Abri mão de inúmeras coisas, e também de coisas que não são coisas, e que fazem uma falta imensa. Mas não conseguiria viver em paz comigo mesma se não ouvisse dessa vez o meu coração.
Seria isso egoísmo? Ou seria amor-próprio? E me lembro da frase de Jesus: "Amai ao próximo como a ti mesmo"  e penso: como poderia amar alguém plenamente se não me amo respeitando meus próprios instintos? Se não me amo seguindo o que meu coração diz.
Com isso me lembro uma conversa que tive uma vez com minha terapeuta, muitos anos atrás. Na hora que ela me falou, o argumento fez todo sentido. Mas depois não conseguia me lembrar do argumento. Era porque não tinha encontrado a resposta por mim mesma. Eu me questionava sobre a necessidade de fazer um trabalho voluntário como forma de me aprimorar moralmente e ajudar as pessoas. Ela disse que eu poderia fazer, mas que a melhor forma de ajudar as pessoas era primeiramente me melhorando, investindo tempo em mim, no meu auto-conhecimento, pois esse movimento acende um ponto de luz na rede cósmica e traz um bem muito maior e mais amplo do que centenas de horas de trabalho voluntário. Somente através da força indomável do exemplo, é que mudanças profundas e verdadeiras vão surgir. Inconscientemente, o sentido dessa conversa ficou gravado em mim e agora tudo se encaixa.
Só posso educar o Dudu através do exemplo. E lembrando um texto que o Júnior me mostrou antes de nos encontrarmos, é esse exemplo que quero poder ensinar... filho, ouça o seu coração. Eu estarei sempre ao seu lado.

"Os homens têm medo de realizar seus maiores sonhos porque acham que não o merecem, ou não vão conseguir!
Mas o medo não é uma coisa concreta. Ele está em seus corações!!
Os corações morrem de medo só de pensar em amores que partiram para sempre... Em momentos que poderiam ter sido bons e não foram...
Quando isso acontece, acabamos sofrendo muito e o coração tem medo de sofrer.
Mas o medo é pior que o próprio sofrimento.
Nenhum coração jamais sofreu quando foi em busca de seus sonhos, porque cada momento de busca é um momento de vida, de energia, de encontro com Deus e com a eternidade.
Então... Ouça seu coração!
Ninguém consegue fugir dele.
Por isso, é melhor escutar o que ele fala para que não venha um golpe que você não espera, porque você jamais vai conseguir mantê-lo calado.
Mesmo que finja não escutar o que ele diz, ele estará dentro do seu peito, repetindo o que pensa sobre a vida e o mundo...
O dia inteiro...
O tempo todo...
Ainda bem!
Por isso, ouça o seu coração!" Paulo Coelho

Faz tempo que escrevi esse post, provavelmente no final de 2014, mas não havia publicado. Hoje li uma coisa que me fez reler o post e decidi publicá-lo. O engraçado é que esse texto me lembrou de um outro, que também faz todo sentido... " Isso tem a ver com o quanto dois caminhos se aproximam ou se distanciam."
E por enquanto, é assim que minha vida segue apreendida por essas reflexões todas, pela coragem de rumar ao desconhecido, mas com o coração tranquilo, em saber que estou sendo fiel ao meu chamado, ou a minha bem aventurança.
E a música que marca essa época: Concrete Bed - Nada Surf
"To find someone you love, you gotta be someone you love."

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